quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Sobre Lovecraft.

Nessa última semana de encontros do clube de leitura hora da novela, fecharemos nossa saga novelística com um conto dos precursores do da weird sci fi,  mais conhecida por nós como terror cósmico. Falemos um pouco da vida de H.P. Lovecraft.

Lovecraft era o único filho de Winfield Scott Lovecraft, negociante de jóias e metais preciosos, e Sarah Susan Phillips, vinda de uma família notória que podia traçar suas origens diretamente aos primeiros colonizadores americanos, casados numa idade relativamente avançada para a época. Quando contava três anos, seu pai sofreu uma aguda crise nervosa que deixou sequelas profundas, obrigando-o a passar o resto de sua vida em clínicas de repouso.

Assim, ele foi criado pela mãe, Sarah, por duas tias, e por seu avô, Whipple van Buren Phillips. Lovecraft era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia seus próprios poemas aos seis. Seu avô encorajou os hábitos de leitura, tendo arranjado para ele versões infantis da Ilíada e da Odisseia, de Homero, e introduzindo-o à literatura de terror, ao apresentar-lhe clássicas histórias de terror gótico.

Lovecraft era uma criança constantemente doente. Seu biógrafo, L. Sprague de Camp, afirmou que o jovem Howard sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Devido aos seus problemas de saúde, ele frequentou a escola apenas esporadicamente mas lia bastante.

O seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, devido à incapacidade das filhas de gerirem os seus bens. Foram obrigados a mudar-se para acomodações muito menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft. Em 1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que o impediu de receber seu diploma de graduação no ensino médio e, consequentemente, complicou sua entrada numa universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto dos seus dias.

Nos seus dias de juventude, Lovecraft dedicou-se a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917. Em 1917, publicou seu primeiro trabalho profissional, Dagon, na revista Weird Tales. Lovecraft junto de Clifford Martin Eddy, Jr., foi um ghostwriter do magazine Weird Tales, inclusive escrevendo uma história, "Sob as Pirâmides" (Under the Pyramids, também conhecida como Imprisoned with the Pharaohs), para o famoso mágico Harry Houdini.

A sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho publicado, tendo morrido em 1921, após complicações numa cirurgia.

Lovecraft trabalhou como jornalista por um curto período, durante o qual conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era judia natural da Ucrânia, oito anos mais velha que ele, o que fez com que sua tias protestassem contra o casamento. O casal mudou-se para o Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, cidade de que Lovecraft nunca gostou. O casamento durou poucos anos e, após o divórcio amigável, Lovecraft regressou a Providence, onde moraria até morrer.

O período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro. Algumas das suas mais extensas obras, Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward - seu único romance -, foram escritas nessa época.

Os seus últimos anos de vida foram bastante difíceis. Em 1932, a sua amada tia Lillian Clark, com quem ele vivia, faleceu. Lovecraft mudou-se para uma pequena casa alugada com sua tia e companhia remanescente, Annie Gamwell, situada bem atrás da biblioteca John Hay. Para sobreviver, considerando-se que seus próprios textos aumentavam em complexidade e número de palavras (dificultando as vendas), Lovecraft apoiava-se como podia em revisões e "ghost-writing" de textos assinados por outros, inclusive poemas e não-ficção. Em 1936, a notícia do suicídio do seu amigo Robert E. Howard deixou-o profundamente entristecido e abalado. Nesse ano, a doença que o mataria (cancro no intestino) já avançara o bastante para que pouco se pudesse fazer contra ela. Lovecraft suportou dores sempre crescentes pelos meses seguintes, até que a 10 de março de 1937 se viu obrigado a internar-se no Hospital Memorial Jane Brown. Ali morreria cinco dias depois. Contava então 46 anos de idade.

Howard Phillips Lovecraft foi enterrado no dia 18 de março de 1937, no cemitério Swan Point, em Providence, no jazigo da família Phillips. O seu túmulo é o mais visitado do local, mas passaram-se décadas sem que o seu túmulo fosse demarcado de forma exclusiva. No centenário do seu nascimento, fãs norte-americanos cotizaram-se para inaugurar uma lápide definitiva, que exibe a frase "Eu sou Providence", extraída de uma das suas cartas.

Lovecraft é um dos poucos autores cuja obra literária não tem meio-termo: volta-se única e exclusivamente para o horror, tendo como finalidade perturbar o leitor, depois de atraí-lo para a atmosfera, o ambiente, o clima daquilo que lê.  

Um dos ingredientes da fórmula lovecraftniana para seduzir o leitor é o uso da primeira pessoa: a maior parte de seus contos, entre eles as obras-primas primordiais O chamado de Cthulhu, Um sussurro nas trevas, A cor que caiu do céu, Sombras perdidas no tempo e Nas montanhas da loucura. Algumas vezes, todos os acontecimentos são vividos pelo narrador, como em Sombras perdidas no tempo; outras vezes, o narrador convive com algumas personagens e toma parte dos fatos (em geral, a pior delas).

Durante a sua vida, dispôs de um número relativamente pequeno de leitores, no entanto sua reputação verificou uma elevada gratificação com o passar das décadas, e ele, agora, é considerado um dos escritores de terror mais influentes do século XX. De acordo com Joyce Carol Oates, Lovecraft, como aconteceu com Edgar Allan Poe no século XIX, tem exercido "uma influência incalculável sobre sucessivas gerações de escritores de ficção de horror" , Stephen King chamou Lovecraft de "o maior praticante do século XX do conto de horror clássico.


O conto A cor que caiu do espaço, é o um dos contos preferidos do autor e uma dos mais populares, o clube disponibilizou este conto na edição da Hedra e em pdf.  Estamos ansiosos para o debate até quinta(15/12)!
Abaixo um breve vídeo de vlog que apresenta um pouco desse universo do terror cósmico.


Texto da biografia foi retirado do site: 
 
H.P. Lovecraft. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/H._P._Lovecraft>. Data de acesso 14/12/2016.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Sobre Stigger.

 Essa semana conheceremos Veronica Stigger, autora brasileira contemporânea que gosta de experimentar bastante em suas obras.

Ela nasceu em 1973, em Porto Alegre. Desde 2001, mora em São Paulo. É escritora, crítica de arte e professora universitária. Em 1991, ingressou no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde conheceu o poeta, professor e crítico literário Eduardo Sterzi, com quem vive até hoje. Chegou a trabalhar em redações de rádio, televisão e jornal, mas as abandonou para se dedicar à pesquisa universitária. É mestre em Semiótica pela Unisinos e doutora em Teoria e Crítica de Arte pela USP. Possui pós-doutorado pela Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) e pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. Atualmente, é coordenadora do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema e professora nas Pós-Graduações em História da Arte e em Fotografia da FAAP e na Pós-Graduação em Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz. Seu livro de estreia, O trágico e outras comédias, uma reunião de contos, foi publicado primeiramente em Portugal pela editora Angelus Novus, de Coimbra. No ano seguinte, o livro ganhou edição brasileira pela 7Letras, do Rio de Janeiro. Depois deste, publicou mais nove volumes: sete adultos e dois infantis.
 
Em seus livros, explora as diferentes formas literárias, desrespeitando propositalmente os limites de gênero. Por isso, seus textos assumem os mais diversos formatos: contos, poemas, peça teatral, legenda, anúncio publicitário, palestra etc. Desde 2010, vem realizando também intervenções artístico-literárias em exposições coletivas e individuais. Não por acaso, dois de seus livros se originaram de projetos de literatura pensados para outros suportes que não o livro: Delírio de Damasco decorre da instalação visual Pré-Histórias, 2, realizada nos tapumes da unidade em construção do SESC da Rua 24 de Maio, em São Paulo, em 2010, e Minha novela de vídeo homônimo apresentado na exposição individual Sarau, ocorrida entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013, na Casa do Brasil, em Bruxelas. No teatro, em 2013, assinou a dramaturgia da peça ¡Salta!, do Coletivo Teatro Dodecafônico, de São Paulo, e, naquele mesmo ano, teve textos seus adaptados para o palco pelas companhias Súbita e Casca no espetáculo Extraordinário cotidiano, apresentado em Curitiba, e por Felipe Hirsch no espetáculo Puzzle, apresentado em Frankfurt e São Paulo e, em 2015, no Rio de Janeiro.
Opisanie Swiata, disponibilizado pelo clube na edição da  Cosac Naify, busca trabalhar com imagens, gêneros literários e viagens, espero que gostem dessa experiência, abaixo um vídeo que a autora fala sobre o livro. Até quinta(01/12)!


Texto da biografia foi retirado do site: 
 
Veronica Stigger. Disponível: <http://www.agenciariff.com.br/site/AutorCliente/Autor/128>. Data de acesso 30/11/2016.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Sobre Márquez.

Essa semana iremos debater sobre a obra de um dos escritores mais importantes da literatura hispano-americana, conheceremos o Gabo!

Gabriel García Marques (1927-2014), apelidado na infância de Gabo ou Gabito,  nasceu no dia 6 de março, na cidade de Aracataca na Colômbia. Filho de Gabriel Elígio García e Luisa Santiaga Márquez. O casal teve onze filhos. Gabriel foi criado com os avós, em Aracataca, enquanto a família vivia na cidade de Barranquilla. Estudou no Liceu Nacional de Zipaquirá em Barranquilla. Estudou Direito e Ciência Políticas na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, mas não concluiu o curso. Casado com Mercedes Barcha, teve dois filhos, Rodrigo e Gonzalo.
Iniciou sua carreira literária, no final da década de quarenta, com a publicação de contos, onde retrata um mundo fantástico que caracteriza toda sua obra. Em 1949 ingressou no jornal El Universal, trabalhou também no El Heraldo e no El Espectador. Em 1955, influenciado pelo professor de literatura, Calderón Hermida, escreveu seu primeiro romance "O Enterro do Diabo".
Em 1959 vai para Europa como correspondente internacional e em 1961 vai para Nova York, também como correspondente. Suas críticas aos exilados cubanos e sua amizade com Fidel Castro fizeram ser perseguido pela CIA. Em 1962 ganhou o Prêmio Esso de Romance, na Colõmbia, com o romance "O Veneno da Madrugada".
Publicou, em 1967, "Cem Anos de Solidão", considerado um marco da literatura latino-americana. O livro é uma saga que narra a história da família Buendia, na cidade fictícia de Macondo: um universo mágico habitado por desejos, sonhos e paixões, descrito com insuperável talento poético. Entre seus romances e contos escreveu "Relato de um Náufrago" em 1955 e "O Amor nos Tempos do Cólera" em 1985. Foi o primeiro colombiano a recebeu o Nobel da Literatura em 1982, pelo conjunto de sua obra. Recebeu o Prêmio Esso de novela por "Má Hora", e em 1971 o Doutor Honoris Causa da Universidade Colúmbia, em Nova Iorque. Recebeu a Medalha da Legião Francesa em Paris, em 1981.
Em 2002, depois de ser diagnosticado com um câncer linfático, escreveu sua autobiografia "Viver para Contar". Em abril de 2009 declarou que tinha encerrado sua carreira literária, estava aposentado.
Gabriel García Marquez, que também sofria de demência senil, faleceu em sua casa no México, no dia 17 de abril de 2014.
A novela Ninguém escreve ao Coronel foi disponibilizada na edição da coleção Novis da Biblioteca Visão.  Está foi uma das primeiras obras escritas por Gabriel, ainda amadurecendo o estilo que encontraria seu auge em Cem anos de solidão.
Abaixo um vídeo de uma entrevista Karl Erik Schollhammer, doutor em Literatura Latino-Americana,falando sobre o Realismo Mágico. Até quinta!

Texto da biografia foi retirado do site:


Gabriel García Márquez. Disponível: <https://www.ebiografia.com/gabriel_marquez/>. Data de acesso 14/11/2016.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Sobre Scliar.




Essa semana iremos falar sobre um dos escritores brasileiros mais profícuos da história desse país.
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, no dia 23 de março de 1937. Filho de José e Sara Scliar, foi alfabetizado pela mãe, que era professora primária.
A partir de 1943, cursa a Escola de Educação e Cultura, conhecida como Colégio Iídiche. Em 1948, transfere-se para o Colégio Rosário. Começa a cursar medicina em 1955, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializou-se na área de saúde pública, tornando-se médico sanitarista e ocupando os cargos de chefe da equipe de Educação em Saúde da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul e diretor do Departamento de Saúde Pública.
Na década de 1970, cursou pós-graduação em medicina, em Israel, e também se tornou doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Ainda na área médica, atuou como professor do curso de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
O dia a dia de estudante de medicina inspirou a Scliar o seu primeiro livro, "Histórias de um médico em formação", publicado em 1962. Foi o começo de uma brilhante carreira como ficcionista, durante a qual publicou mais de setenta livros, divididos entre romances, coletâneas de contos e crônicas, literatura infantojuvenil e ensaios. Seu romance "O centauro no jardim", publicado em 1980, faz parte da lista dos 100 melhores livros de temática judaica dos últimos 200 anos, organizada pelo National Yiddish Book Center (EUA).
Scliar conquistou diversos prêmios literários, como, por exemplo: três prêmios Jabuti (nas categorias “romance” e “contos, crônicas e novelas”); o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte, em 1989, na categoria “literatura”; e o Casa de las Americas, em 1989, na categoria “conto”. Seus livros foram traduzidos em inúmeros países, como Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Espanha, entre outros.
Em 1993 e 1997, foi professor visitante na Brown University e na Universidade do Texas, ambas nos EUA.
Depois de sofrer, em janeiro de 2011, um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), Moacyr Scliar faleceu no dia 27 de fevereiro. Segundo seu editor, Luiz Schwarcz, Scliar “tinha um olhar único, com ele criava um mundo fantástico no qual o humano estava sempre a serviço da literatura”.

  
A novela Max e os felinos está disponível pelo clube na edição da L&M Pocket. Essa obra é famosa por ter sofrido plágio em um obra canadense chamada Life of Pi(2001) de Yann Martel, que virou um filme homônimo dirigido por Ang Lee em 2012. Para os curiosos em comparações, fica abaixo o trailer do filme. Até quinta-feira!

 

Texto da biografia foi retirado do site:

Moacyr Scliar. Disponível: <http://educacao.uol.com.br/biografias/moacyr-scliar.htm>. Data de acesso 31/10/2016.

domingo, 30 de outubro de 2016

Diário Literário (20/10/2016)




A leitura discutida no dia 20 de outubro foi “A ilha desconhecida”, novela do premiado escritor português José Saramago. De minha parte não houve identificação com o título, apenas senti uma grande curiosidade por quem o havia escrito. Conheci a escrita de Saramago e o conteúdo da novela apenas durante a leitura, não sabia absolutamente nada do enredo. O texto exprimiu mais do que eu imaginava que fosse possível já que conta com tão poucas páginas, minhas expectativas eram medianas.

Inicialmente, as questões levantadas pelas personagens mais constantes na obra acabaram por propor reflexões críticas que trouxeram consigo o peso do funcionalismo burocrático vivido pela sociedade. A obra retrata a dificuldade, a falta de eficácia e da boa vontade da classe dominante representada pelo rei. Foi difícil não se ater à burocracia instaurada no enredo já que ela me pareceu uma forma de contenção da população. O rei buscava dissimular a realização das necessidades individuais do povo, quando na realidade havia apenas uma complicação excessiva refletindo a má vontade do governante, infelizmente esta atitude causou certa familiaridade com os dias vividos.

No entanto, o texto é mais do que isso, se atem ao desconhecido e a necessidade de ir em busca do novo. O desconhecido é tido como parte de um mecanismo que motiva a procura ou até mesmo uma das ferramentas da busca.

Além disso, em um trecho da novela há uma crítica à religião, pois em um momento o protagonista não consegue defender o seu ponto de vista para outras pessoas descrentes de seu objetivo porque não há comprovação de algo que nunca foi visto ou conhecido.

Ler uma obra de Saramago foi como descobrir um novo mundo de possibilidades através da escrita literária, me perguntei como era possível dizer tanto em tão poucas páginas, como era feita tal síntese e como era utilizado a seu favor tantas figuras de linguagem e imagens que remetem a um discurso tão batido como o materialismo e o consumismo percebidos através de comentários feitos pelo protagonista.

Texto: Elda Leandro de Oliveira (7º Semestre – Letras/Português - Bacharelado).



domingo, 16 de outubro de 2016

Diário Literário (13/10/16)




A obra em questão e que foi discutida e deliciada por nós, leitores do clube, foi escrita por Carlos Fuentes, cujo país de origem (México) sempre me cativou. Conheci-o mais a fundo por meio de Aura e uma conexão e certa proximidade foi estabelecida após ler a novela.
Repleto de simbologia, a literatura fantástica do autor foi uma surpresa feliz, daquelas que não nos deixa parar e que lemos numa sentada só. Ao início, não se sabe bem o que o autor propõe, mas, aos poucos, ao adentrar na história e entrar em contato com os fatores sui generis da obra, conseguimos captar a energia de Fuentes e seus intentos.
No encontro, debatemos sobre a relação de Felipe, Aura e a senhora Consuelo, o simbolismo de cores, animais e espaços que os rodeiam e as várias possibilidades de interpretação manifestadas. Digna de horas de debate, a obra, mesmo tão breve, pôde proporcionar uma experiência encantadora e que se fixará não brevemente, mas de maneira alongada em nós. Carlos Fuentes veio, firmou-se e tornou o Hora da Novela mais afortunado.


                             Texto: Tatielly Pinho (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)

Sobre Saramago.

Essa semana iremos conhecer o único escritor em língua portuguesa a possui o prêmio Nobel de Literatura, o querido José Saramago.

Saramago nasceuem Azinhaga de Ribatejo, no concelho de Golegã, Portugal, no dia 16 de novembro de 1922. Filho de camponeses com dois anos de idade mudou-se com a família para Lisboa. Estudou em escola técnica onde concluiu o curso de serralheiro mecânico. Trabalhou como serralheiro, foi funcionário público na área da saúde e da Previdência Social. Autodidata, adquiriu grande cultura na literatura, filosofia e história. Estreou na literatura com o romance “Terra do Pecado” (1947). Foi diretor literário de uma editora, jornalista e tradutor. Colaborou com vários jornais e revistas, entre eles, o Diário de Lisboa, A Capital e a Seara Nova, onde exerceu a função de cronista.
Sua trajetória literária passou por várias fases, a primeira, foi marcada pela poesia, com "Os Poemas Possíveis" (1966) e “Provavelmente Alegria” (1970), e pela crônica “Deste Mundo e do Outro” (1971). A partir do final dos anos 70 dedicou-se ao teatro, entre elas, “A Noite” (1979), peça que tem como cenário uma redação de um jornal na noite de 24 para 25 de abril de 1974, que recebeu o Prêmio da Associação de Críticos Portugueses. Saramago publicou dois volumes de contos “Objeto Quase” (1978) e “Poética dos Cinco Sentidos” (1979).
Como romancista o autor se consagrou ao receber o Prêmio Cidade de Lisboa com “Levantando do Chão” (1980), que se tornou best-seller internacional. Com a obra “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984), recebeu o Prêmio do Pen Clube Português, o Prêmio da Crítica, o Prêmio Dom Diniz e o Prêmio do Jornal The Independent.
José Saramago pertenceu à primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores. Foi presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores, entre 1985 e 1994. O escritor publicou um título no campo da literatura infanto-juvenil, “A Maior Flor do Mundo” (2001), livro escrito em parceria com o ilustrador João Caetano, que recebeu o Prêmio Nacional de Ilustração.
José Saramago recebeu outros prêmios e condecorações, entre eles, “Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada” (1985), “Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas” (1991), “Prêmio Camões” (1995), “Prêmio Nobel de Literatura” (1998), “Doutor Honoris Causa” (1999), pela Universidade de Nottinghan, na Inglaterra, “Doutor Honoris Causa” (2004), pela Universidade de Coimbra, entre outros. Ele faleceu em Tias, Espanha, no dia 18 de junho de 2010. (Aos interessados fica aqui o link para uma autobiografia do autor disponível no site oficial de José Saramago: http://www.josesaramago.org/autobiografia-de-jose-saramago/)

José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correcção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.

O conto da ilha desconhecida foi disponibilizada pelo clube na edição da Cia das Letras. Um fato curioso é que esta pequena obra foi publicada no mesmo ano em que Saramago foi homenageado com prêmio Nobel de Literatura. Aos interessados fica abaixo uma discussão sobre esta obra no programa Direito e Literatura. Até quinta-feira!


 
 


Referências:


José Saramago. Disponível: <https://www.ebiografia.com/jos_saramago/>. Data de acesso 16/10/2016.
José Saramago. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago#cite_note-Dossi.C3.AA-8>. Data de acesso 16/10/2016.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Diário Literário (22/09/2016)


Meu primeiro contato com a escrita de Raduan Nassar foi por meio de Lavoura Arcaica. Agora, por incentivo do Hora da Novela, reencontrei-a. A escrita de Um Copo de Cólera nasce não se sabe de onde. Ela é a corporificação da cólera, da paixão, tanto tem de macia e veluda como tem de áspera e violenta. O Esporro, como foi concordado por todos(as) presentes no último encontro, é um capítulo que só tem efeito se lido de um gole só. Resultaram-se desse dia questionamentos sobre o fato de os personagens não serem nomeados, talvez como uma maneira de universalizá-los; sobre as representações do homem e da mulher, a relação passional e de dominação entre os dois; sobre o empirismo e o racionalismo nas ciências humanas, o pensamento tradicional e o moderno acerca das questões da época. Enfim, em apenas um copo coube uma enxurrada de temas e questões. Um Copo de Cólera é leitura oficialmente recomendada pelo Hora da Novela.

Texto: Robson Nogueira (Letras/Português Licenciatura 8º semestre)

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Sobre Fuentes.


Nessa semana iremos conhecer o mexicano Carlos Fuentes, participante importante do movimento mais forte que os latino-americanos importaram para o mundo!

Carlos Fuentes (1928-2012) foi um escritor mexicano, considerado um dos maiores romancistas em língua espanhola, na América Latina. Foi, ao lado de Mário Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez e Octávio Paz, um expoente do boom literário latino-americano da década de 60. Fuentes nasceu na cidade do Panamá, no Panamá, no dia 11 de novembro de 1928, na época em que seu pai servia como diplomata mexicano no país. Passou a infância em diversos países, entre eles Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Estados Unidos. Aos 16 anos foi para o México, onde iniciou seu trabalho como jornalista. Formou-se em Direito, pela Universidade Nacional Autônoma do México e em Economia pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra, na Suíça. Em 1954 publicou seu primeiro livro “Los Dias Enmascarados”, uma coleção de contos, que foi bem aceito pela crítica. Em 1958 publicou a novela “A Região Mais Transparente”. Nos anos 60, Fuentes viveu em Paris, Veneza e Londres. Lecionou em Harvard, Cambridge, Priceton e outras universidades de renome internacional. Entre os anos de 1972 e 1976, foi embaixador do México na França. Sua obra ficcional, composta de 22 romances e nove coletâneas de contos, constitui um vasto panorama da história mexicana. Foi por muito tempo um crítico dos desmandos do Partido Revolucionário Institucional do México. Notabilizou-se pelo estilo do realismo fantástico, característica frequente em autores latino-americanos. A obra "Gringo Velho" (1985) foi adaptada para o cinema. Ele recebeu o Prêmio Nacional de Literatura, o mais importante do gênero em seu país, recebeu o Prêmio Miguel de Cervantes, em 1987, o Prêmio Príncipe de Astúrias, na Espanha, a Medalha Picasso, da UNESCO, e o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade das Ilhas Baleares, Espanha, pela qualidade e extensão de sua obra. Faleceu na cidade do México, México, no dia 15 de maio de 2012.


A novela Aura foi disponibilizada pelo clube na edição da L&M Pocket. Esta obra foi a quarta publicação de Carlos Fuentes, sua leitura nos presenteia com o que têm de melhor de sua escrita, Aproveitem! Até quinta(06/10)!

Para entrar no clima da obra abaixo o trailer do filme que transborda realismo fantástico do também mexicano Guilherme Del Toro: A Colina Escarlate.



Texto biográfico retirado do site:<https://www.ebiografia.com/carlos_fuentes/>

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sobre Nassar.




No encontro dessa semana, iremos conhecer o escritor brasileiro de origem libanesa Raduan Nassar. Nascido(1935) em Pindorama-SP, ele é o Sétimo filho do casal de libaneses João Nassar e Chafika Cassis. Iniciou os estudos primários na cidade natal em 1943, e, no ano seguinte, passa a frequentar assiduamente a Igreja, tornando-se coroinha, em 1946. Cursa o ginásio no Colégio Estadual de Catanduva a partir de 1947, o que leva a família a mudar-se para essa cidade após dois anos. Embora tenha iniciado o curso científico, opta por formar-se no clássico, o que ocorre em 1953, no Instituto de Educação Fernão Dias Pais, já na capital paulista, onde os Nassar passam a morar. Ingressa, em 1955, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e no curso de letras, ambos na Universidade de São Paulo (USP). Sua formação, entretanto, é em filosofia, curso iniciado em 1957, na mesma universidade. Em 1961, viaja para o Canadá e os Estados Unidos, afastando-se temporariamente dos estudos e dos negócios da família - o Bazar 13, um armarinho tradicional na zona oeste da capital paulista. Data dessa época o conto Menina a Caminho. De volta ao Brasil, retoma o curso de filosofia e o conclui em 1963. Viaja para a Alemanha Ocidental, com o objetivo de aprender o idioma local, mas retorna ao Brasil após tomar conhecimento do golpe militar. Antes, porém, visita, no Líbano, a aldeia onde viveram seus pais. Em 1967 funda, com os irmãos, o Jornal do Bairro. No ano seguinte, inicia a leitura do Alcorão e esboça um romance, finalizado após seis anos e publicado em 1975, com o título Lavoura Arcaica, seu primeiro livro. Em 1970 escreve a primeira versão de Um Copo de Cólera e os contos O Ventre Seco e Hoje de Madrugada, publicados pela primeira vez em 1997. Lança a novela Um Copo de Cólera em 1978 e compra uma fazenda em Buri, São Paulo, dedicando-se à produção rural. Nos anos seguintes, lança apenas um texto inédito, o conto Mãozinhas de Seda, escrito em 1996 e editado na coletânea Menina a Caminho, de 1997.


Com apenas três livros publicados Raduan é comparado a outros grandes nomes do mesmo período como: Clarisse Lispector e João Guimarães Rosa. Sua escrita se tornou conhecida por ser intensa, poética e política ao criticar o autoritarismo de seu período. 




O clube disponibilizou a novela Um copo de cólera na edição(2001) da Cia. das Letras. Aos interessados fica abaixo o link para uma adaptação cinematográfica dessa obra. Até quinta.







Referências:


Raduan Nassari. Disponível: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa255670/raduan-nassar>. Data de acesso 21/09/2016.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Diário literário (08/09/2016)




Nesse segundo encontro do clube, apreciamos um livro incomum até para os livros incomuns de nossas leituras. Terra e Cinzas, de Atiq Rahimi, foi uma experiência, uma aposta no diferente. É instigante, pois que sucinta em nós uma carência ou uma crítica acerca do Oriente Médio. Nos debates, percebemos o quanto é comum para nós tratarmos este assunto de forma banalizada. Sabemos que existem conflitos, sabemos das dificuldades e das mortes a todo instante nas mídias disponíveis, sejam elas pela internet ou pela televisão. É raro ouvirmos alguém nos questionando sobre essas situações em debates rotineiros. A título de exemplo, um filme chamado Românticos Anônimos e um episódio do seriado Modern Family (que recentemente assisti) demonstram o quanto tratamos este assunto de forma trivial. Nos dois filmes, o assunto é levantado pelos personagens como uma forma de “quebrar o gelo” em jantares românticos, de acabar com o incômodo do silêncio da falta de assunto. É como se fosse mais um instrumento de reação em diálogo. E isso não é incomum. Entretanto, ao lermos Terra e Cinzas, encaramos esta realidade já conhecida de uma forma mais íntima, aprofundamo-nos no cotidiano das pessoas que sobreviveram a situações de guerra e de massacres. Não é um livro sobre um inimigo contra outro, tão comum em se tratando de Afeganistão, mas é a história de um pai, de um neto e de um filho. Isso nos expõe a coisas que ignorávamos, que já achávamos normais. Além dessas questões muito importantes, a escrita proposta por Atiq é uma poética à parte. Enfim, deixo aqui esse breve depoimento dessa experiência que transformou minha visão sobre aquele lugar que tanto precisa ser revisto, entendido e respeitado. 


Texto: Abdiel Anselmo (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)