quarta-feira, 6 de julho de 2016

Diário Literário (22/06/16)

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No último encontro do a “Hora da Novela”, 22.06, nos deparamos com a imensidão de um anônimo do subterrâneo em Notas do Subsolo, de Fiódor Dostoiévski. Essa novela, dividida em duas partes: O subsolo e A propósito da neve molhada, carregada de críticas morais, sociais e psicológicas sobre o homem do século XIX, se mostra, a princípio, um tanto contraditória e arrebatadora por ter um personagem principal que através dos seus desabafos faz com que nos deparemos com os nossos próprios defeitos que vêm à tona num emaranhado de questionamentos em que ele destila amargura e escárnio.  “Sim, um homem inteligente do século dezenove precisa está moralmente obrigado a ser uma criatura eminentemente sem caráter; e em uma pessoa de caráter, de ação, deve ser sobretudo limitada” (Dostoiévski, p.17).

A segunda parte é marcada pelas memórias do homem do subsolo. Memórias estas lembradas de forma negativa, tanto que ele diz que sente vergonha por tê-las escrito. “De fato, contar (...) sobre como eu fiz fracassar minha vida por meio do apodrecimento moral a um canto, da insuficiência do ambiente, desacostumando-me de tudo o que é vivo por meio de um enraivecido rancor no subsolo, ...” (Dostoiévski, p. 145). E ainda por meio de questionamentos sobre o que todos queremos, sobre as extravagâncias que desejamos, esse homem finda sua escrita sobre o subsolo, mas as memórias, essas continuaram.

Bibliografia:

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Memórias do Subsolo. Ed. 34, São Paulo – 2009.




Texto: Lorena Balbino (Letras/Francês - Licenciatura, 8º semestre)

Sobre Clarice.

Para concluir nossa breve aventura novelística, contaremos com a ilustre presença de Clarice Lispector, que aqui tem sua voz evocada em "A hora da estrela." Conheçamos um pouco de sua vida e obra.



Clarice é filha de pais russos que viviam na Ucrânia devido ao forte movimento antissemita na Russo. Foi lá que ela nasceu, porém não passou muito tempo, pois seus pais e suas duas irmãs corriam grande perigo com os constantes pogroms (um ataque violento maciço a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente). Sua família chegou ao Brasil em 1922. Todos tiveram que mudar de nome como forma de adaptação. O nome original de Clarice é Chaya. Inicialmente, a família passou um breve período em Maceió, até se mudar para o Recife, onde Clarice cresceu e onde, aos oito anos, perdera a mãe. Aos quatorze anos de idade, transfere-se com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro, onde a família estabilizou-se, e onde o seu pai viria a falecer, em 1940. Com 19 anos publica seu primeiro conto "Triunfo" no semanário Pan. Em 1943 forma-se em Direito e casa-se com o amigo de turma Maury Gurgel Valente. Nesse mesmo ano estreou na literatura com o romance "Perto do Coração Selvagem", que retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência, e teve calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha.
Clarice Lispector acompanha seu marido em viagens, na carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores. Em sua primeira viagem para Nápoles, Clarice trabalha como voluntária de assistente de enfermagem no hospital da Força Expedicionária Brasileira. Também morou na Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, sempre acompanhando seu marido.
Em 1949, nasce na Suíça seu primeiro filho, Pedro, e em 1953 nasce nos Estados Unidos o segundo filho, Paulo. Em 1959, Clarice se separa do marido e retorna ao Rio de Janeiro, com os filhos. Logo começa a trabalhar no Jornal Correio da Manhã, assumindo a coluna Correio Feminino. Em 1960 trabalha no Diário da Noite com a coluna Só Para Mulheres, e lança "Laços de Família", livro de contos, que recebe o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 1961 publica "A Maçã no Escuro" pelo qual recebe o prêmio de melhor livro do ano em 1962.
Clarice Lispector sofre várias queimaduras no corpo e na mão direita, quando dorme com um cigarro aceso, em 1966. Passa por várias cirurgias e vive isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte publica crônicas no Jornal do Brasil e lança "O Mistério do Coelho Pensante". Passa a integrar o Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro. Em 1969, já tinha perto de doze volumes publicados. Recebeu o prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília.

Clarice Lispector, escreveu "Hora da Estrela" em 1977, onde conta a história de Macabéa, moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande. A versão cinematográfica desse romance, dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistou os maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcélia Cartaxo, que fez o papel principal, o troféu Urso de Prata em Berlim em 1986.
Clarice Lispector morreu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977. Seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju.

Ela  estudou direito, foi tradutora de  35 livros, escritora, jornalista, contista e ensaísta. Suas obras são do período modernista, conviveu com grandes nomes da cultura mundial e ainda hoje é uma das maiores influências para os escritores brasileiros. Sua escrita é marcada pela epifania, pelo fluxo de consciência, pelo monologo interior e pela inventividade.
Alguns de seus clássicos são: "Laços de Família" (1960) e de "A Legião Estrangeira" (1964). Em obras como "A Maçã no Escuro" (1961), "A Paixão Segundo G.H." (1961) e "Água-Viva" (1973).


Pelo clube leremos a novela A hora da estrela pela editora Rocco, espero que desfrutem bem desta que foi a última obra de Clarice. Não deixem de comparecer a sessão fílmica! 


Referências.



Clarice Lispector. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector>. Data de acesso:06/07/2016.


Biografia de Clarice Lispector. Disponível:<http://www.e-biografias.net/clarice_lispector/> Data de acesso:06/07/2016.



Clarice Lispector - Estilo. Disponível:<http://esteticaliteraria.blogspot.com.br/2009/01/clarice-lispector-estilo.html> Data de acesso:06/07/2016.