segunda-feira, 20 de junho de 2016

Sobre Fiódor Dostoiévski.

Fiódor Dostoiévski foi o fundador do realismo russo e escritor da primeira novela de características existencialistas. Com certeza sua leitura é obrigatória para qualquer estudante de artes ou literatura, conheçamos um pouco sobre sua vida e obra.


Fiódor nasceu (1821) em  Moscou, Rússia. Foi engenheiro militar, escritor e filosofo. Nasceu em uma família grande, foi apenas o segundo de sete filhos. Ele perdeu seus pais ainda jovem. Formou-se na Academia Militar de Engenharia de São Petersburgo, tendo muito contato com literatura, principalmente francesa. Escreveu duas peças de teatro nessa mesma época: Mary Stuart e Boris Gudonov. Em 1844, realizou sua primeira tradução, justamente com a obra de Balzac: Eugènie Grandet. Não demorou muito para que ele abandonasse a carreira militar e se dedica-se a literatura.  Logo em seu primeiro romance, Gente Pobre (1846), ele se tornou uma celebridade, conquistando o crítico Bielinski, que o considerava "a mais nova revelação do cenário literário do país". Dostoiévski fez parte do Círculo de Petrashvski, um grupo de discussão literária enviesado ao socialismo utópico. Foi nesse período que ele foi preso pelas autoridades da época, sob a acusação de estar conspirando contra o imperador e contra a autocracia. Foi na prisão que ele sofreu seu primeiro ataque de epilepsia, doença que durou toda sua vida e sendo incorporada a alguns de seus personagens. Saiu da prisão em 1854 e durante sua condenação em serviços militares na Sibéria, ele conheceu Maria Dmitriévna Issáieva, a qual se tornaria sua esposa e inspiração para Katerina Marmeladova de Crime e Castigo. Após retornar a Rússia, ele muda seu jeito de pensar, rejeitando as atitudes de intelectuais que punham seus ideais políticos para a sociedade. Foi nessa fase de sua vida que junto de seu irmão , Mikhail, fundou a revista Vremia, aonde publicou a obra em folhetim Humilhados e Ofendidos. Após a morte de sua esposa e de seu irmão, Dostoiévski passou por dificuldades financeiras, pois ficara com as dívidas feitas por seu irmão e com os cuidados da esposa dele. Não conseguindo lidar com todas as despesas, ele  partiu para o estrangeiro, aonde gastou muito dinheiro em cassinos.  Quando conheceu sua outra esposa, Anna Grigórievna Snítkina, já estava a escrever uma de suas obras-primas: Crime e Castigo. Eles tiveram duas filhas, sendo que a primeira morreu cedo em Genebra.  Foi nesse período em que ele escreveu algumas de suas mais importantes obras: Os idiotas, Os demônios e Os irmãos Karamazov.
Fiódor é bastante conhecido por sua escrita realista, de viés determinista, porém, sua contribuição foi além disso. Ele influenciou vários escritores(Kafka, Proust, Faulkner, Gabriel García Marquéz), filósofos, psicólogos(Freud), físicos(Albert Einstein) entre outros. 

Na novela Notas do Subterrâneo("Memórias do Subsolo", "A Voz do Subsolo", "Cadernos do Subsolo"), conhecemos o viés existencialista de sua obra, sendo este livro um marco de tal estilo. 

A edição disponibilizada pelo clube é a da Bertrand Brasil, espero que gostem desse excelente novela russa! Até quinta-feira(23)!

Referências:
 
Fiódor Dostoiévski. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Fiódor_Dostoiévski>. Data de acesso:20/06/2016.



Texto: Abdiel Anselmo (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)

terça-feira, 7 de junho de 2016

Sobre Mia Couto.

Mia Couto, considerado um dos mais importantes escritores Moçambicanos,  será nossa primeira leitura  de um escritor contemporâneo e africano pelo clube. Apresentemos um pouco sobre sua vida e obra.


Foto de Daniel Andrade.
Mia Couto é o pseudônimo de António Emílio Leite Couto, esse nome foi adotado pelo autor por causa do seu gosto por gatos e porque sua irmã tinha dificuldades em pronunciar seu nome. Nasceu (1985) em Beira,Moçambique. Foi lá que seu pai, Fernando Leite Couto, publicou, sem o conhecimento e autorização do filho, seus primeiros poemas. Aos 17 anos, Mia se mudou para capital de Moçambique: Lourenço Marques(atualmente chamada de Maputo). Lá começou seu curso de medicina, entretanto não o concluiu, optando por exercer a profissão de jornalista.  Após a destruição do local o qual trabalhava,  ele foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM). Após esse breve período, começou a trabalhar com diretor de uma revista chamada Tempo, continuando sua carreira de jornalista no jornal Notícias. Nessa fase de sua vida, Mia publicou seu primeiro livro de poesia intitulado Raiz de Orvalho, que ,em algumas interpretações, revelava criticas contra a propaganda marxista militante do local. Dois anos depois à publicação, ele se demitiu da posição de diretor e abandonou a carreira jornalística para se dedicar ao curso de biologia na universidade. Atualmente, ele é um especialista na área de ecologia, dando aulas na Universidade de Eduardo Mondlane na qual se formou. Além de escritor, ele também trabalha com reservas naturais pela empresa Impacto, Lda. Ele foi um dos escritores do hino de Moçambique. 

Foto de Sandra Quiroz/afribuku.

Sua escrita é repleta de neologismos, pois, no momento de composição de seus textos, ele internaliza aspectos da cultura moçambicana se utilizando disso para construir palavras próprias para o ambiente e o para multiverso que ele constrói. Também é conhecido como "escritor da terra" , pois busca relacionar a terra como natureza e como cultura em sua escrita. Seus textos muitas vezes apresentam características fantásticas ou surreais, propicias ao projeto imaginativo e onírico que ele traz em sua obra. Tem da escrita brasileira moderna grande influência, principalmente, de Guimarães Rosa. Terra Sonâmbula é uma das suas principais obras sendo considera, por júri especial da Feira do Livro de Zimbábue, um dos 12 melhores livros africanos do século XX.

Foi premiado diversas vezes, incluindo-se nessa lista o Prêmio Camões em 2013. É o único escritor  africano que é membro da Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente, eleito em 1998, sendo o sexto ocupante da cadeira nº 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.


Mar me quer é um pequeno romance publicado na Expo 98, em Lisboa, que poderia muito bem ser classificado como uma novela pelo tamanho e pela escrita compacta. Foi disponibilizado pelo clube numa edição digital da editora Caminho. Espero que a leitura seja prazerosa, nos encontramos quinta-feira às 11h ou às 17h.


Referências:
 
Mia Couto. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto>. Data de acesso:07/06/2016.


Mia Couto Official WebSite. Disponível: <http://www.miacouto.org/>. Data de acesso:07/06/2016


 
Texto: Abdiel Anselmo (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Diário Literário (24/05/2016)



Ao ler “um coração simples”, pude ver o quão importante foi à participação de Flaubert no realismo, já que a literatura francesa e mundial passava por uma enorme transformação ao longo do século XIX. Na obra, é perceptível ver o cuidado na construção do texto, a utilização de imagens plásticas e figuras de linguagem, ao mesmo tempo em que o narrador torna-se invisível ao relatar a história
O autor nos mostra a “imagem” de Félicité (Felicidade), mulher pobre do interior da França, modelo de ética. O próprio título da obra diz muito como é a personalidade dessa personagem. A moça é uma criada que trabalha há décadas para a Sra. Aubain, uma viúva que possuía alguns bens. Mesmo com pouco conhecimento do mundo, cuidava de tudo e de todos.
Através dos passos e desventuras da criada, buscamos evidenciar as condições que circundam o aparecimento de um olhar científico-objetivo para a subjetividade humana.
No encontro do grupo de leitura, foi citado um dos mais belos momentos da obra, quando Felicité (Felicidade) chegava aos altos de Ecquemauville, vendo as luzes de Honfleur e o mar. Logo após, veio uma fraqueza, quando ela se lembrou de tudo que ocorrera de ruim em sua vida.
Enquanto leitores, somos remetidos diretamente à cena, sem intermediações. Acompanhamos a personagem em sua jornada no justo compasso dos acontecimentos que a envolveram.
A novela foi baseada em uma das serviçais de Flaubert da vida real, Julie, e era para ser uma homenagem a George Sand, que morreu antes que a obra ficasse pronta, pois a mesma foi concebida durante uma discussão entre o autor e o falecido sobre a importância do realismo.
Confesso que não era fã das obras realistas. Mas a partir desta novela, passei a ver com outro olhar tais textos. Flaubert disse que a novela exemplificava sua declaração – “beleza é o objeto de todos os meus esforços”. Ele conseguiu passar toda sua beleza nesta obra.


Texto: Ítalo James (Letras/Português - Licenciatura, 1º semestre)

Resenha - "Metamorfoseando com Franz Kafka"




Olá, pessoal! Tudo bem?
Chamo-me José Mailson, sou estudante de Letras – Inglês pela UECE e administro um blog voltado para literatura e cultura em geral, chamado Cooltural, há mais de seis anos. Desde que comecei a ler e comentar sobre literatura, alguns nomes chegavam a mim (seja por pesquisa ou indicação) e, de certa forma, isso acabava me provocando uma curiosidade e, dependendo do autor, me assustando um pouco, fazendo com que houvesse uma procrastinação nessas leituras. Dentre os mais me assustavam/ assustam estão Victor Hugo, Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e o responsável por esse texto, Franz Kafka.
Meu primeiro contato com esse último se deu por conta do Clube de Leitura “Hora da Novela” através da obra A Metamorfose. Tentei iniciar a leitura sem muitas expectativas, para não prejudicar minhas reflexões sobre a obra, mas quando o assunto é Kafka isso acaba sendo bem difícil. Mas, apesar das expectativas, tive grandes surpresas tanto com o conteúdo, quanto com minhas sensações. Acreditem, apesar das suas 85 páginas de história (mais 10 de posfácio), o autor consegue provocar uma quantidade enorme de interpretações e sensações, sendo a mais forte delas a “claustrofobia”. Refiro-me à claustrofobia porque a novela toda acontece dentro de uma única casa, revezando apenas com dois espaços menores: o quarto do protagonista e seu próprio corpo/mente.
Como o próprio título já sugere, assim como a primeira frase, o leitor presenciará uma metamorfose. Claro que o autor usa um personagem para representar isso, mas passei a leitura inteira me questionando sobre quem realmente estava sendo metamorfoseado. De acordo com minhas interpretações, o personagem Gregor Samsa vem para provocar sérias transformações tanto na sua família (que por sinal é completamente dependente dele) quanto no leitor. Eu, em particular, considero que Kafka provocou uma transformação na minha forma de pensar as relações familiares e na forma como nos doamos para as outras pessoas, sem nos preocuparmos com nosso próprio bem estar. Veio-me à mente também uma relação direta com a metamorfose que os sujeitos sofrem por conta da submissão ao sistema capitalista – onde só temos “valor com base no que produzimos”.
Apesar dessas reflexões bem densas, Kafka consegue narrar tudo de forma bem simples. Como mencionado no início, eu tinha medo da escrita dele, mas foi uma surpresa perceber um texto simples e acessível, além de muito bem escrito. Li em menos de uma hora, apesar das suas interferências aparecerem até hoje. Quando penso se gostei de A Metamorfose, ainda fico na dúvida quanto à resposta, mas sem dúvida a experiência de leitura foi uma das mais significativas e que não serão esquecidas tão cedo. Se é que um dia será. Sem dúvida o incluirei novamente na minha lista de leituras, pois quanto mais se lê A Metamorfose mais coisas nós vamos percebendo. Como li/ouvi em algum lugar que não me recordo agora: “Este é um livro que não acaba quanto termina!”.
Espero que tenham gostado das minhas impressões e, se desejarem, compartilhem as suas também. Agora, fico no aguardo da leitura de Notas do Subsolo, para superar mais um dos meus medos. Abraços!


Texto: José Mailson (Letras/Inglês - Licenciatura, 2º semestre)