domingo, 30 de outubro de 2016

Diário Literário (20/10/2016)




A leitura discutida no dia 20 de outubro foi “A ilha desconhecida”, novela do premiado escritor português José Saramago. De minha parte não houve identificação com o título, apenas senti uma grande curiosidade por quem o havia escrito. Conheci a escrita de Saramago e o conteúdo da novela apenas durante a leitura, não sabia absolutamente nada do enredo. O texto exprimiu mais do que eu imaginava que fosse possível já que conta com tão poucas páginas, minhas expectativas eram medianas.

Inicialmente, as questões levantadas pelas personagens mais constantes na obra acabaram por propor reflexões críticas que trouxeram consigo o peso do funcionalismo burocrático vivido pela sociedade. A obra retrata a dificuldade, a falta de eficácia e da boa vontade da classe dominante representada pelo rei. Foi difícil não se ater à burocracia instaurada no enredo já que ela me pareceu uma forma de contenção da população. O rei buscava dissimular a realização das necessidades individuais do povo, quando na realidade havia apenas uma complicação excessiva refletindo a má vontade do governante, infelizmente esta atitude causou certa familiaridade com os dias vividos.

No entanto, o texto é mais do que isso, se atem ao desconhecido e a necessidade de ir em busca do novo. O desconhecido é tido como parte de um mecanismo que motiva a procura ou até mesmo uma das ferramentas da busca.

Além disso, em um trecho da novela há uma crítica à religião, pois em um momento o protagonista não consegue defender o seu ponto de vista para outras pessoas descrentes de seu objetivo porque não há comprovação de algo que nunca foi visto ou conhecido.

Ler uma obra de Saramago foi como descobrir um novo mundo de possibilidades através da escrita literária, me perguntei como era possível dizer tanto em tão poucas páginas, como era feita tal síntese e como era utilizado a seu favor tantas figuras de linguagem e imagens que remetem a um discurso tão batido como o materialismo e o consumismo percebidos através de comentários feitos pelo protagonista.

Texto: Elda Leandro de Oliveira (7º Semestre – Letras/Português - Bacharelado).



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