quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sobre Nassar.




No encontro dessa semana, iremos conhecer o escritor brasileiro de origem libanesa Raduan Nassar. Nascido(1935) em Pindorama-SP, ele é o Sétimo filho do casal de libaneses João Nassar e Chafika Cassis. Iniciou os estudos primários na cidade natal em 1943, e, no ano seguinte, passa a frequentar assiduamente a Igreja, tornando-se coroinha, em 1946. Cursa o ginásio no Colégio Estadual de Catanduva a partir de 1947, o que leva a família a mudar-se para essa cidade após dois anos. Embora tenha iniciado o curso científico, opta por formar-se no clássico, o que ocorre em 1953, no Instituto de Educação Fernão Dias Pais, já na capital paulista, onde os Nassar passam a morar. Ingressa, em 1955, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e no curso de letras, ambos na Universidade de São Paulo (USP). Sua formação, entretanto, é em filosofia, curso iniciado em 1957, na mesma universidade. Em 1961, viaja para o Canadá e os Estados Unidos, afastando-se temporariamente dos estudos e dos negócios da família - o Bazar 13, um armarinho tradicional na zona oeste da capital paulista. Data dessa época o conto Menina a Caminho. De volta ao Brasil, retoma o curso de filosofia e o conclui em 1963. Viaja para a Alemanha Ocidental, com o objetivo de aprender o idioma local, mas retorna ao Brasil após tomar conhecimento do golpe militar. Antes, porém, visita, no Líbano, a aldeia onde viveram seus pais. Em 1967 funda, com os irmãos, o Jornal do Bairro. No ano seguinte, inicia a leitura do Alcorão e esboça um romance, finalizado após seis anos e publicado em 1975, com o título Lavoura Arcaica, seu primeiro livro. Em 1970 escreve a primeira versão de Um Copo de Cólera e os contos O Ventre Seco e Hoje de Madrugada, publicados pela primeira vez em 1997. Lança a novela Um Copo de Cólera em 1978 e compra uma fazenda em Buri, São Paulo, dedicando-se à produção rural. Nos anos seguintes, lança apenas um texto inédito, o conto Mãozinhas de Seda, escrito em 1996 e editado na coletânea Menina a Caminho, de 1997.


Com apenas três livros publicados Raduan é comparado a outros grandes nomes do mesmo período como: Clarisse Lispector e João Guimarães Rosa. Sua escrita se tornou conhecida por ser intensa, poética e política ao criticar o autoritarismo de seu período. 




O clube disponibilizou a novela Um copo de cólera na edição(2001) da Cia. das Letras. Aos interessados fica abaixo o link para uma adaptação cinematográfica dessa obra. Até quinta.







Referências:


Raduan Nassari. Disponível: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa255670/raduan-nassar>. Data de acesso 21/09/2016.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Diário literário (08/09/2016)




Nesse segundo encontro do clube, apreciamos um livro incomum até para os livros incomuns de nossas leituras. Terra e Cinzas, de Atiq Rahimi, foi uma experiência, uma aposta no diferente. É instigante, pois que sucinta em nós uma carência ou uma crítica acerca do Oriente Médio. Nos debates, percebemos o quanto é comum para nós tratarmos este assunto de forma banalizada. Sabemos que existem conflitos, sabemos das dificuldades e das mortes a todo instante nas mídias disponíveis, sejam elas pela internet ou pela televisão. É raro ouvirmos alguém nos questionando sobre essas situações em debates rotineiros. A título de exemplo, um filme chamado Românticos Anônimos e um episódio do seriado Modern Family (que recentemente assisti) demonstram o quanto tratamos este assunto de forma trivial. Nos dois filmes, o assunto é levantado pelos personagens como uma forma de “quebrar o gelo” em jantares românticos, de acabar com o incômodo do silêncio da falta de assunto. É como se fosse mais um instrumento de reação em diálogo. E isso não é incomum. Entretanto, ao lermos Terra e Cinzas, encaramos esta realidade já conhecida de uma forma mais íntima, aprofundamo-nos no cotidiano das pessoas que sobreviveram a situações de guerra e de massacres. Não é um livro sobre um inimigo contra outro, tão comum em se tratando de Afeganistão, mas é a história de um pai, de um neto e de um filho. Isso nos expõe a coisas que ignorávamos, que já achávamos normais. Além dessas questões muito importantes, a escrita proposta por Atiq é uma poética à parte. Enfim, deixo aqui esse breve depoimento dessa experiência que transformou minha visão sobre aquele lugar que tanto precisa ser revisto, entendido e respeitado. 


Texto: Abdiel Anselmo (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Diário Literário (25/08/16)


Lemos a novela “O Visconde partido ao meio” do Italo Calvino no nosso primeiro encontro desse semestre em “A Hora da Novela”.  A história do visconde Medardo di Terralba é narrada pelo seu sobrinho, com muitas passagens fantásticas, o que torna a leitura muito divertida. O visconde tem o seu corpo partido ao meio por uma bala de canhão. Na parte direita ficaram os sentimentos mesquinhos, as atitudes que essa metade tem com os parentes e camponeses são de pura maldade, todos o veem como um tirano e por isso passam a temê-lo. Na outra metade, que abriga o coração, ficaram os sentimentos altruístas como o do amor ao próximo. Mas as atitudes tanto da metade malvada quanto da metade bondosa incomodam os camponeses, sendo ambas odiadas. Os camponeses acham insuportáveis tanto as atitudes de extrema maldade como as de extrema bondade. O escritor aborda nesta fábula a luta do bem e do mal que o homem trava em seu interior, fazendo o leitor refletir na mensagem de moral que está subentendida no drama passado pelo visconde. De que para o homem conviver em harmonia com os outros o bem e o mal do seu interior tem que está em equilíbrio.  Conforme ficou evidente no visconde depois de unir as metades: “Assim, meu tio Medardo voltou a ser um homem inteiro, nem mau nem bom, uma mistura de maldade e bondade, isto é, aparentemente igual ao que era antes de se partir ao meio”. (Calvino, p. 94).

Bibliografia:
CALVINO, Italo. O visconde partido ao meio. 6ªreimpressão
São Paulo: Companhia das Letras, 2011.


Texto: Doralice Alencar (Letras/Português/LiteraturaLicenciatura , 6º semestre)

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Sobre Rahimi.

No encontro dessa semana, conheceremos Atiq Rahimi, que é escritor e cineasta contemporâneo. Nasceu no ano de 1962 em Cabul, Afeganistão. Estudou em colégio franco-afegão, tendo lá entrado em contato com a cultura francesa. Durante a guerra civil de seu país nos anos 80, ele fugiu do Afeganistão para se refugiar na França. Lá se formou em Letras e Cinema, tendo iniciada sua carreira como escritor em 2000 com a publicação de Terra e Cinzas, um best seller na época. Esse livro, quatro anos mais tarde, foi adaptado para o cinema pelo próprio autor. Apesar de falar fluentemente francês, a maioria de seus textos são escritor em dari, variação do persa falado no noroeste do Afeganistão. O autor já foi premiado com o Foundation de France 2002 na literatura e com o prêmio "Um certo olhar" em Cannes 2005. 

Nos seus primeiros livros, sua escrita retratou algumas experiências relacionadas ao sofrimento passado por personagens que viveram o conflito dos anos 80. Em um entrevista para a Folha de S.Paulo em 2002, ele menciona haver uma inspiração em figuras da paisagem de seu país natal, assim como uma ânsia de por para fora todo o sentimento de aflição guardado desde que ele conseguiu fugir a pé do Afeganistão ao Paquistão, local em que pediu asilo para a França.


A novela que iremos ler sobre de Atiq Rahimi será Terra e Cinzas, disponibilizado pelo clube na edição da editora Estação Liberdade. Além dessa leitura, faremos uma seção fílmica(9H e 15H) com o filme homônimo, adaptação cinematográfica dirigida e roteirizada por Atiq Rahimi. 
Portanto, não faltem aos encontros! Abaixo fica o trailer do filme.


Referências:
Atiq Rahimi. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Atiq_Rahimi>. Data de acesso:05/09/2016.
Currículo Atiq Rahimi, Disponível: <http://www.estacaoliberdade.com.br/modules.php?name=Autores&idautor=57>  Data de acesso:05/09/2016.
Terra e Cinzas: Afegão remove pó de dor pré-Taliban por Francesca Angiolillo. Disponível: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0405200218.htm>  Data de acesso:05/09/2016.