terça-feira, 20 de setembro de 2016

Diário literário (08/09/2016)




Nesse segundo encontro do clube, apreciamos um livro incomum até para os livros incomuns de nossas leituras. Terra e Cinzas, de Atiq Rahimi, foi uma experiência, uma aposta no diferente. É instigante, pois que sucinta em nós uma carência ou uma crítica acerca do Oriente Médio. Nos debates, percebemos o quanto é comum para nós tratarmos este assunto de forma banalizada. Sabemos que existem conflitos, sabemos das dificuldades e das mortes a todo instante nas mídias disponíveis, sejam elas pela internet ou pela televisão. É raro ouvirmos alguém nos questionando sobre essas situações em debates rotineiros. A título de exemplo, um filme chamado Românticos Anônimos e um episódio do seriado Modern Family (que recentemente assisti) demonstram o quanto tratamos este assunto de forma trivial. Nos dois filmes, o assunto é levantado pelos personagens como uma forma de “quebrar o gelo” em jantares românticos, de acabar com o incômodo do silêncio da falta de assunto. É como se fosse mais um instrumento de reação em diálogo. E isso não é incomum. Entretanto, ao lermos Terra e Cinzas, encaramos esta realidade já conhecida de uma forma mais íntima, aprofundamo-nos no cotidiano das pessoas que sobreviveram a situações de guerra e de massacres. Não é um livro sobre um inimigo contra outro, tão comum em se tratando de Afeganistão, mas é a história de um pai, de um neto e de um filho. Isso nos expõe a coisas que ignorávamos, que já achávamos normais. Além dessas questões muito importantes, a escrita proposta por Atiq é uma poética à parte. Enfim, deixo aqui esse breve depoimento dessa experiência que transformou minha visão sobre aquele lugar que tanto precisa ser revisto, entendido e respeitado. 


Texto: Abdiel Anselmo (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)


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