Nesse segundo encontro do clube, apreciamos um livro incomum
até para os livros incomuns de nossas leituras. Terra e Cinzas, de Atiq Rahimi, foi uma experiência, uma aposta
no diferente. É instigante, pois que sucinta em nós uma carência ou uma crítica
acerca do Oriente Médio. Nos debates, percebemos o quanto é comum para nós
tratarmos este assunto de forma banalizada. Sabemos que existem conflitos,
sabemos das dificuldades e das mortes a todo instante nas mídias disponíveis, sejam
elas pela internet ou pela televisão. É raro ouvirmos alguém nos questionando
sobre essas situações em debates rotineiros. A título de exemplo, um filme
chamado Românticos Anônimos e um episódio do seriado Modern Family (que recentemente assisti) demonstram o quanto tratamos
este assunto de forma trivial. Nos dois filmes, o assunto é levantado pelos
personagens como uma forma de “quebrar o gelo” em jantares românticos, de acabar com o incômodo do silêncio
da falta de assunto. É como se fosse mais um instrumento de reação em diálogo.
E isso não é incomum. Entretanto, ao lermos Terra e Cinzas, encaramos esta
realidade já conhecida de uma forma mais íntima, aprofundamo-nos no cotidiano
das pessoas que sobreviveram a situações de guerra e de massacres. Não é um
livro sobre um inimigo contra outro, tão comum em se tratando de Afeganistão,
mas é a história de um pai, de um neto e de um filho. Isso nos expõe a coisas
que ignorávamos, que já achávamos normais. Além dessas questões muito
importantes, a escrita proposta por Atiq
é uma poética à parte. Enfim, deixo aqui esse breve depoimento dessa
experiência que transformou minha visão sobre aquele lugar que tanto precisa
ser revisto, entendido e respeitado.
Texto: Abdiel Anselmo (Letras/Português - Bacharelado, 7º semestre)
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