quarta-feira, 1 de junho de 2016

Resenha - "Metamorfoseando com Franz Kafka"




Olá, pessoal! Tudo bem?
Chamo-me José Mailson, sou estudante de Letras – Inglês pela UECE e administro um blog voltado para literatura e cultura em geral, chamado Cooltural, há mais de seis anos. Desde que comecei a ler e comentar sobre literatura, alguns nomes chegavam a mim (seja por pesquisa ou indicação) e, de certa forma, isso acabava me provocando uma curiosidade e, dependendo do autor, me assustando um pouco, fazendo com que houvesse uma procrastinação nessas leituras. Dentre os mais me assustavam/ assustam estão Victor Hugo, Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e o responsável por esse texto, Franz Kafka.
Meu primeiro contato com esse último se deu por conta do Clube de Leitura “Hora da Novela” através da obra A Metamorfose. Tentei iniciar a leitura sem muitas expectativas, para não prejudicar minhas reflexões sobre a obra, mas quando o assunto é Kafka isso acaba sendo bem difícil. Mas, apesar das expectativas, tive grandes surpresas tanto com o conteúdo, quanto com minhas sensações. Acreditem, apesar das suas 85 páginas de história (mais 10 de posfácio), o autor consegue provocar uma quantidade enorme de interpretações e sensações, sendo a mais forte delas a “claustrofobia”. Refiro-me à claustrofobia porque a novela toda acontece dentro de uma única casa, revezando apenas com dois espaços menores: o quarto do protagonista e seu próprio corpo/mente.
Como o próprio título já sugere, assim como a primeira frase, o leitor presenciará uma metamorfose. Claro que o autor usa um personagem para representar isso, mas passei a leitura inteira me questionando sobre quem realmente estava sendo metamorfoseado. De acordo com minhas interpretações, o personagem Gregor Samsa vem para provocar sérias transformações tanto na sua família (que por sinal é completamente dependente dele) quanto no leitor. Eu, em particular, considero que Kafka provocou uma transformação na minha forma de pensar as relações familiares e na forma como nos doamos para as outras pessoas, sem nos preocuparmos com nosso próprio bem estar. Veio-me à mente também uma relação direta com a metamorfose que os sujeitos sofrem por conta da submissão ao sistema capitalista – onde só temos “valor com base no que produzimos”.
Apesar dessas reflexões bem densas, Kafka consegue narrar tudo de forma bem simples. Como mencionado no início, eu tinha medo da escrita dele, mas foi uma surpresa perceber um texto simples e acessível, além de muito bem escrito. Li em menos de uma hora, apesar das suas interferências aparecerem até hoje. Quando penso se gostei de A Metamorfose, ainda fico na dúvida quanto à resposta, mas sem dúvida a experiência de leitura foi uma das mais significativas e que não serão esquecidas tão cedo. Se é que um dia será. Sem dúvida o incluirei novamente na minha lista de leituras, pois quanto mais se lê A Metamorfose mais coisas nós vamos percebendo. Como li/ouvi em algum lugar que não me recordo agora: “Este é um livro que não acaba quanto termina!”.
Espero que tenham gostado das minhas impressões e, se desejarem, compartilhem as suas também. Agora, fico no aguardo da leitura de Notas do Subsolo, para superar mais um dos meus medos. Abraços!


Texto: José Mailson (Letras/Inglês - Licenciatura, 2º semestre)


Um comentário: