Ao
ler “um coração simples”, pude ver o quão importante foi à participação de
Flaubert no realismo, já que a literatura francesa e mundial passava por uma
enorme transformação ao longo do século XIX. Na obra, é perceptível ver o
cuidado na construção do texto, a utilização de imagens plásticas e figuras de
linguagem, ao mesmo tempo em que o narrador torna-se invisível ao relatar a
história
O
autor nos mostra a “imagem” de Félicité (Felicidade), mulher pobre do interior
da França, modelo de ética. O próprio título da obra diz muito como é a
personalidade dessa personagem. A moça é uma criada que trabalha há décadas
para a Sra. Aubain, uma viúva que possuía alguns bens. Mesmo com pouco
conhecimento do mundo, cuidava de tudo e de todos.
Através
dos passos e desventuras da criada, buscamos evidenciar as condições que
circundam o aparecimento de um olhar científico-objetivo para a subjetividade
humana.
No
encontro do grupo de leitura, foi citado um dos mais belos momentos da obra,
quando Felicité (Felicidade) chegava aos altos de Ecquemauville, vendo as luzes
de Honfleur e o mar. Logo após, veio uma fraqueza, quando ela se lembrou de
tudo que ocorrera de ruim em sua vida.
Enquanto
leitores, somos remetidos diretamente à cena, sem intermediações. Acompanhamos
a personagem em sua jornada no justo compasso dos acontecimentos que a
envolveram.
A
novela foi baseada em uma das serviçais de Flaubert da vida real, Julie, e era
para ser uma homenagem a George Sand, que morreu antes que a obra ficasse
pronta, pois a mesma foi concebida durante uma discussão entre o autor e o
falecido sobre a importância do realismo.
Confesso
que não era fã das obras realistas. Mas a partir desta novela, passei a ver com
outro olhar tais textos. Flaubert disse que a novela exemplificava sua
declaração – “beleza é o objeto de todos os meus esforços”. Ele conseguiu
passar toda sua beleza nesta obra.
Texto: Ítalo James (Letras/Português - Licenciatura, 1º semestre)
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