quarta-feira, 1 de junho de 2016

Diário Literário (24/05/2016)



Ao ler “um coração simples”, pude ver o quão importante foi à participação de Flaubert no realismo, já que a literatura francesa e mundial passava por uma enorme transformação ao longo do século XIX. Na obra, é perceptível ver o cuidado na construção do texto, a utilização de imagens plásticas e figuras de linguagem, ao mesmo tempo em que o narrador torna-se invisível ao relatar a história
O autor nos mostra a “imagem” de Félicité (Felicidade), mulher pobre do interior da França, modelo de ética. O próprio título da obra diz muito como é a personalidade dessa personagem. A moça é uma criada que trabalha há décadas para a Sra. Aubain, uma viúva que possuía alguns bens. Mesmo com pouco conhecimento do mundo, cuidava de tudo e de todos.
Através dos passos e desventuras da criada, buscamos evidenciar as condições que circundam o aparecimento de um olhar científico-objetivo para a subjetividade humana.
No encontro do grupo de leitura, foi citado um dos mais belos momentos da obra, quando Felicité (Felicidade) chegava aos altos de Ecquemauville, vendo as luzes de Honfleur e o mar. Logo após, veio uma fraqueza, quando ela se lembrou de tudo que ocorrera de ruim em sua vida.
Enquanto leitores, somos remetidos diretamente à cena, sem intermediações. Acompanhamos a personagem em sua jornada no justo compasso dos acontecimentos que a envolveram.
A novela foi baseada em uma das serviçais de Flaubert da vida real, Julie, e era para ser uma homenagem a George Sand, que morreu antes que a obra ficasse pronta, pois a mesma foi concebida durante uma discussão entre o autor e o falecido sobre a importância do realismo.
Confesso que não era fã das obras realistas. Mas a partir desta novela, passei a ver com outro olhar tais textos. Flaubert disse que a novela exemplificava sua declaração – “beleza é o objeto de todos os meus esforços”. Ele conseguiu passar toda sua beleza nesta obra.


Texto: Ítalo James (Letras/Português - Licenciatura, 1º semestre)

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